Tragédia do Litoral Norte completa um ano

Em sua edição impressa de 4 de março de 2023, o “Estadão” publicou reportagem de página dupla que recebeu a manchete “As 101 mil piscinas de chuva no Litoral de SP”, referindo-se ao fato de, em apenas 24 horas, entre os dias 18 e 19 de fevereiro – em pleno início do Carnaval –, terem caído mais de 600 milímetros de chuva nos municípios do Litoral Norte, principalmente em São Sebastião. De acordo com cálculos, se a precipitação tivesse ocorrido nessa intensidade em toda a costa de São Sebastião, constituída de praias e de encostas ocupadas por milhares de moradores, a água acumulada seria suficiente para encher, até a borda, mais de 100 mil piscinas olímpicas – aquelas de 50 metros de comprimento, de competições oficiais.

Um ano depois da grande tragédia, que provocou dezenas de mortes e deixou milhares de famílias desabrigadas, o mesmo “Estadão” escalou dois de seus melhores profissionais – o repórter Gonçalo Junior e a repórter Priscila Mengue – para revisitar o Litoral. O resultado foi um belo trabalho, que mereceu chamada com foto na capa do jornal, na edição de domingo, 18 de fevereiro. A foto mostra a moradora Maria Domingas de Jesus, que insiste em permanecer na Vila do Sahy.

Em duas páginas internas da versão impressa, com destaque também na versão online, estão publicados os textos de Gonçalo e de Priscila, com ótimas foto de Tiago Queiroz. A manchete: “Um ano depois, ainda há pessoas que moram em área de risco na Vila do Sahy”.

Reproduzimos aqui a capa do “Estadão”.

Os governos federal, estadual e municipais tentam mitigar os problemas deixados pela chuva e pelos deslizamentos de terra. A união entre as três faixas de governo foi demonstrada em 19 de fevereiro de 2023, quando do encontro entre o presidente da República, o governador de São Paulo e o prefeito de São Sebastião, mas precisa prosseguir, na recuperação das vilas e das rodovias e, principalmente, na missão de evitar futuras tragédias com essa dimensão. Se é verdade que o volume de chuva foi imenso, também ficou demonstrado, mais uma vez, o desleixo em relação à ocupação irregular das encostas da Serra do Mar.

As inúmeras iniciativas de solidariedade às vítimas, por meio de doações de dinheiro, roupas, alimentos e medicamentos podem ter servido de consolo. Mas o rastro de destruição e de tristeza deixado no Litoral Norte não pode cair no esquecimento.

O Carnaval de 2024 já se foi, mas este verão tem sido de chuvas intensas. As previsões meteorológicas advertem para o risco de tempestades no final de fevereiro e no início de março em toda região Sudeste do Brasil. Cada uma das quatro estações do ano dura três meses. Logo vai chegar o outono, mas, situações climáticas à parte, cabe a todos nós atentar para os cuidados na ocupação do solo.

Em 2023, o presidente da AELO, Caio Portugal, em entrevista ao jornalista Eduardo Geraque para a reportagem “Como loteamentos irregulares aumentam o risco de deslizamentos”, publicada em 19 de maio no Caderno Especial sobre Loteamentos do “Estadão”, enumerou ações a serem assumidas contra o risco de tragédias e citou a importância da campanha Lote Legal, da AELO, de combate aos loteamentos irregulares ou clandestinos.

Nesta semana, Caio Portugal está confirmando que um dos temas principais do 1.º Fórum Nacional de Desenvolvimento Urbano, programado para 19 de março, em São Paulo, será um marco da luta contra a construção de moradias em áreas de risco.

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